O que é o matriarcado ou sociedade matriarcal

Pensa rápido: o que é matriarcado para você? Tem a ver com opressão? Dominação pelas mulheres? Se você pensou em algo parecido é porque fez um paralelo com o significado de patriarcado.

Porém, a referência mundial sobre sociedade matriarcal, a Dra. Heide Gottner-Abendroth mostra que a realidade não é bem assim.

Estudando as sociedades matriarcais que já existiram e outras que ainda existem, ela verificou que a igualdade está presente em todos os aspectos.

Ela destaca 4 principais características dessas sociedades, que vou usar para definir uma sociedade matriarcal.

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Dra. Heide Gottner-Abendroth

Principais aspectos do Matriarcado ou Sociedade Matriarcal

Antes de mostrar essas qualidades, vale lembrar que o objetivo aqui é mostrar que há outras maneiras de construir uma sociedade, de repensar sobre quais valores queremos construir nossas relações profissionais e o nosso entorno.

1) Na economia: Sociedades da Reciprocidade

Mais do que serem sociedades agrícolas, a distribuição dos bens e mercadorias é feita de acordo com um sistema que segue a linha do parentesco e do casamento. Assim, esse sistema previne que os bens acumulem em uma só pessoa ou em um só grupo.

O princípio da igualdade é conscientemente mantido e a sociedade é igualitária e não acumulativa. Por exemplo, nos festivais os clãs mais ricos são obrigados a convidarem todos os habitantes. Eles organizam um banquete onde distribuem a riqueza e com isso se tornam honroros.

2) No social – Sociedades horizontais do parentesco e Paternidade Social

As pessoas vivem em clãs seguindo a linhagem matriarcal, o parentesco segue a linha da mulher. Além disso, os clãs vizinhos se ajudam e essa aliança é feita através de casamentos entre as pessoas dos clãs vizinhos. Logo, as pessoas estão conectadas umas às outras ou por parentesco ou por casamento.

O homem sempre estará ligado ao clã da sua linhagem materna e não ao da sua esposa. Dessa forma, o homem é responsável por cuidar dos filhos das suas irmãs, e não dos seus filhos biológicos. Todas as pessoas do clã tem a responsabilidade de cuidar das crianças.

3) Na política – Sociedade do consenso

As decisões de cada clã são tomadas em reuniões em que os assuntos são discutidos, nenhum membro do clã é excluído e são tomadas através do consenso.

O mesmo processo é feito nas vilas, onde um representante de cada clã (podendo ser um homem ou uma mulher) participa das reuniões. Essa pessoa leva os tópicos para a discussão na reunião do seu clã e depois retorna com a decisão para a reunião da vila.

Ou seja, não há acúmulo de poder político por ninguém, não há dominação, nem opressão de ninguém com ninguém.

4) Na cultura: Sociedade Sacra

O conceito fundamental é a crença no renascimento, na sua forma concreta. As pessoas que morrem retornam para o mesmo clã como crianças. Assim como a árvore que morre no inverno, renasce na primavera e o sol nasce e morre todos os dias.

Não há uma visão dual de bem e mal. A vida traz a morte e a morte traz a vida de novo, e assim por diante. Então a oposição entre bem e mal não faz sentido, não existe algo melhor que outra coisa, não existe um gênero melhor que outro. Dessa maneira, o mundo inteiro é divino e sagrado.

Pode parecer muito distante da nossa realidade, e quem sabe até utópico. Porém, se esses são valores que queremos, será que não conseguimos agir em direção a eles? Envolver mais o time no processo de decisão? Respeitar e valorizar as diferentes maneiras de pensar, de fazer as coisas e de liderar? 

Ficou interessado no trabalho da Dra. Heide Gottner-Abendroth? Aqui o link para o site dela sobre estudos modernos do matriarcado!

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