O que é equidade de gênero nas empresas
A expressão Equidade de gênero é muito utilizada quando falamos das desigualdades enfrentadas pelas mulheres. Mas poucos tem clareza sobre o seu significado e especialmente no ambiente profissional. Por isso, trago aqui uma simples explicação e o mais importante, alguns indicadores que mostram a atual situação da mulher no Brasil.
Definição de Equidade de gênero nas empresas
A palavra equidade em si, é um conceito ligado ao que se considera justo independente de ter uma relação com alguma lei vigente. Quando adicionamos a questão de gênero, a definição ganha princípios de justiça social e de direitos humanos, dada a situação desigual que a mulher enfrenta atualmente.
Indo um passo além, a equidade de gênero nas empresas é garantir que essa justiça também esteja presente no ambiente de trabalho. Dessa forma colaborando para que seja um lugar inclusivo e diverso onde há acesso real às mesmas oportunidades, cargos e salários.
Indicadores da desigualdade de gênero
Para entender a importância das ações que promovem a equidade de gênero, é preciso começar pelo atual cenário em que as mulheres se encontram.
Começando pelo índice mais conhecido que é o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) da ONU. Ele é composto por três aspectos: direitos reprodutivos, empoderamento e mercado de trabalho. E varia entre 0 e 1, sendo que quanto maior o valor, maior as disparidades encontradas no país.
No último ranking divulgado em 2020, das 189 nações analisadas, não há nenhum país com igualdade de gênero perfeita, ou seja, igual a zero. A Suíça lidera o ranking com uma pontuação de 0,025, seguida da Dinamarca e da Suécia.
Em contrapartida, o Brasil ocupa atualmente o 95º lugar com o índice de 0,408, uma queda de seis posições versus o ano passado. Ou seja, ainda falta muito para termos igualdade de gênero aqui no nosso país.
Com relação ao pilar de trabalho do índice, ele é composto pela porcentagem de participação no mercado de trabalho das mulheres e dos homens com mais de 15 anos, separadamente. No Brasil, 74,1% dos homens dessa faixa etária estão inseridos no mercado de trabalho, enquanto para as mulheres o índice cai para 54,2%. Claramente o acesso ao trabalho tem um viés, e não está a favor das mulheres.
Um fator que contribui para essa situação são os trabalhos não remunerados, seja o doméstico ou o cuidado de pessoas (crianças ou idosos), que acabam sendo atribuídos na sua grande maioria para as mulheres.
Quer fatos? Em 2019, as mulheres dedicaram 10,4 horas por semana a mais que os homens para essas atividades1. No total, foram 21,4 horas semanais para as mulheres e 11,0 horas para os homens.
E no ambiente de trabalho, como está a situação?
Indicadores de desigualdade de gênero: Remuneração
Em 2019, a remuneração média da mulher foi 13,6% menor que a do homem no Brasil. Quando analisamos incluindo o fator racial, a diferença fica ainda maior: a mulher negra ganhou 53,5% da remuneração do homem branco2.
Da mesma forma, fazendo a comparação só considerando pessoas com ensino superior completo, a realidade é mais dura ainda: a remuneração da mulher preta é 43,1% da remuneração do homem branco2.
Indicadores de desigualdade de gênero: Cargos de liderança
Em 2015, as mulheres ocupavam 37,1% dos cargos de liderança em geral3, sendo que representavam 51,5% da população3 do país naquele ano.
Além disso, a situação piora mais quando se trata de cargos de presidência, somente 13% são ocupados por mulheres4.
Equidade de gênero nas empresas: de quem é a responsabilidade?
Com menor acesso ao mercado de trabalho, à remuneração e à cargos de liderança, fica claro que a mulher não tem as mesmas oportunidade que o homem. Portanto, ela está menos inserida no ciclo do poder, seja na independência financeira ou na tomada de decisões das empresas.
Dessa forma, para que a equidade de gênero avance efetivamente nas empresas é preciso que todos se envolvam e tenham responsabilidade sobre esse tema. Nenhum líder ignoraria um problema que atinge grande parte da sua força de trabalho, não é mesmo?
E você, o que achou da realidade das mulheres brasileiras? Já imaginava? Conta aqui nos comentários.
Fontes: 1Pesquisa Nacional por amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua – IBGE) – 2019. 2Painel de informações do Ministério da Economia (Relação Anual de Informações Sociais – RAIS) – 2019. 3Pesquisa Nacional por amostra de Domicílio (PNAD – IBGE) – 2015. 4Panorama Mulher 2019 – pesquisa realizada pelo Insper em parceria com a consultoria Talenses.
Tema agravado na pandemia com a chamada “segunda jornada” virando” “jornada contínua”.
A carga ficou ainda maior na pandemia, quantas de nós não tiveram que abrir mão da carreira, mesmo que temporariamente, pra cuidar dos filhos em casa. Eu mesma me incluo nesse grupo.
Por mais gratificante que seja cuidar dos pequenos o mercado de trabalho me julgará na minha volta. Torçamos pra que esse julgamento seja mais brando levando em conta a atual situação do Brasil.
Cada vez mais necessário falarmos de forma clara e precisa sobre temas tão relevantes! Parabéns pelo Blog!